Harmonia, proporção, equilíbrio, graciosidade, e elegância são alguns exemplos de propriedades estéticas (ver propriedade), mas a beleza é a propriedade estética mais central, para a qual contribuem propriedades como as anteriores. Ao contrário do que por vezes se pensa, não foram muitos os filósofos que procuraram identificar as características que algo deve ter para se poder chamar “belo”. Entre esses filósofos contam-se Platão, Tomás de Aquino, Hume, Kant, Monroe Beardsley (1915-85) e Frank Sibley (1923–96). Apesar de cada um deles enfatizar mais uma ou outra característica, todos acabam por convergir na ideia de que a beleza é algo 1) que tem um valor positivo; 2) que nos agrada ou proporciona prazer; 3) que é inspirador e motivador; 4) cuja apreciação depende da percepção ou de alguma forma de contacto com o que é objecto apreciação e 5) cuja apreciação é independente de qualquer interesse teórico ou prático, exprimindo-se através de um de juízo próprio, o juízo estético. Diferentes problemas foram discutidos também por outros filósofos. Trata-se de problemas de carácter metafísico (ver metafísica), epistemológico (ver epistemologia) e ético (ver ética). A discussão metafísica acerca da natureza da beleza inclui problemas com o seguinte: a beleza tem uma natureza subjectiva (ver subjectivismo) ou objectiva (ver objectivismo)? Kant e Hume pensam que a beleza tem uma natureza subjectiva, dado que consiste, segundo eles, no sentimento do sujeito, ao passo que Platão e Beardsley defendem que tem uma natureza objectiva, dado que dizem residir em certas propriedades exemplificadas pelos objectos. Se, por sua vez, perguntarmos “Como sabemos o que é belo?”, estaremos no domínio da epistemologia da beleza. À pergunta anterior há quem, como Hume e Kant, responda que descobrimos a beleza através de uma faculdade especial, a faculdade do gosto; quem, como Clive Bell (1881–1964), defenda que é a através de uma espécie de intuição e quem, como Schopenhauer, defenda que é através do intelecto. Há ainda a questão de saber se a apreciação da beleza tem alguma finalidade ou valor ético. Platão defende que a beleza conduz ao bem, acabando por se identificar com ele, ao passo que os estetas decadentistas (ver decadentismo) defendem que a beleza e a moral são coisas completamente independentes. Há ainda a questão ontológica sobre se há diferentes tipos de beleza e quais. (Aires Almeida)