Kant, Immanuel (1724-1804)
Filósofo alemão. Kant nasceu em Königsberg (actual Kaliningrado), na Prússia oriental, onde estudou, trabalhou e viveu toda a sua vida, tornando-se um dos mais influentes filósofos de sempre. Durante mais de uma década trabalhou como preceptor e em 1755 juntou-se ao corpo docente da universidade de Königsberg, onde leccionou as mais variadas disciplinas: lógica, metafísica, matemática, geografia, antropologia, pedagogia, etc. É habitual dividir a sua vida intelectual em dois períodos: o “período pré-crítico” e o “período crítico”. Durante o primeiro período, Kant escreveu trabalhos menos influentes, nos quais se pode constatar a grande influência de Wolff (1679-1754), discípulo de Leibniz, e do próprio Leibniz. Kant foi também fortemente influenciado por Locke, Hume e Jean-Jacques Rousseau (1712–78). O seu período crítico teve início em 1770 com a publicação da sua Dissertação de 1770.
A Crítica da Razão Pura (1781) é a sua primeira grande obra. O problema que a domina é o de saber como é o conhecimento a priori acerca do mundo possível (ver a priori/a posteriori), ou para usar a sua terminologia, como é o conhecimento sintético a priori possível (ver analítico/sintético). Kant defendeu que não é possível saber como o mundo é em si, independentemente da nossa experiência. Sucintamente, a ideia de Kant é que o nosso aparato cognitivo, seja ele perceptivo ou puramente intelectual (ou teórico), impõe certas estruturas ao mundo. Kant defendeu que uma metafísica científica deve usar criticamente a razão na procura dos seus próprios limites: temos de procurar as “formas” que o nosso aparato cognitivo impõe ao mundo. Esta é a “revolução copernicana” de Kant: para sabermos o que podemos conhecer, temos de saber como o conhecemos.
Na Crítica da Razão Prática (1788), Kant procura os fundamentos da nossa razão prática, isto é, os fundamentos do nosso raciocínio moral. Defende que agir racionalmente é agir moralmente, é agir de acordo com o nosso dever, é agir de acordo com o imperativo categórico. Na Crítica da Faculdade do Juízo (1790), volta a defender a objectividade da razão, mas desta vez relativamente aos juízos estéticos. Contudo, esta não é meramente uma obra de estética. Nela, Kant fornece-nos uma visão global do seu sistema filosófico. (Célia Teixeira)
Kant, Immanuel, Crítica da Razão Pura (Lisboa: FCG, 1989).
Kant, Immanuel, Crítica da Razão Prática (Lisboa: Edições 70, 1997).
Kant, Immanuel, Crítica da Faculdade do Juízo (Lisboa: INCM, 1992).
Kant, Immanuel, Fundamentação da Metafísica dos Costumes (Lisboa: Edições 70, 1991).
Kenny, Anthony, História Concisa da Filosofia Ocidental, cap. 16 (Lisboa: Temas e Debates, 1999).
Magee, Bryan, Os Grandes Filósofos, cap. 8 (Lisboa: Presença, 1989).