Erasmo, o grande defensor alemão do humanismo, foi um dos primeiros a condenar a guerra. Referindo-se à guerra escreveu:
Quem já viu 100 000 animais a correr para se degolarem entre si, como os homens fazem por toda a parte, sabe que nada há mais perverso, mais desastroso, mais destruidor, mais repugnante, numa palavra, mais indigno do homem.
Um ponto interessante sobre as guerras é que, quando são declaradas, as regras normais deixam de se aplicar. Em particular, o bem torna-se mal, e o mal torna-se bem:
Actividade | Estatuto em tempo de paz | Estatuto em tempo de guerra |
Matar pessoas | Mau | Bom |
Roubar e destruir materiais | Mau | Bom |
Dizer mentiras e enganar as pessoas | Mau | Bom |
Cometer suicídio como forma de fazer mal a muitas outras pessoas | Muito mau | Muito bom |
A maioria dos filósofos (à excepção de Nietzsche e de alguns filósofos antigos) explicaria esse fenómeno dizendo que a própria guerra é uma coisa má. Será assim tão simples?
Recentemente, fez-se guerras, supostamente justas (com ou sem a aprovação das Nações Unidas), para salvar povos da morte por genocídio às mãos de milícias ou de regimes fanáticos, evitando assim o massacre de milhões de pessoas indefesas.
Podemos também mencionar a guerra contra a Alemanha feita para impedir que os nazis levassem a cabo a “limpeza étnica” de toda a Europa em nome da pureza racial, bem como a guerra contra o Japão feita para destruir o culto militarista dos japoneses com todas as suas crueldades e massacres. O problema para os amantes da paz é: se a guerra é sempre má, então será que toda a actividade bélica deve parar? Será que devemos deixar os tiranos massacrar o seu próprio povo, e até talvez os seus vizinhos?