A certeza é a propriedade de ser certo, que é uma propriedade psicológica de pessoas ou uma característica epistémica de objectos que são como que proposições (e.g., crenças, enunciados, afirmações). Podemos dizer que uma pessoa, S, está psicologicamente certa de que p (em que “p” está no lugar de uma proposição) desde que S não tenha quaisquer dúvidas de que p é verdadeira. Assim, uma pessoa pode estar certa independentemente do grau de garantia epistémica a favor de uma proposição. Em geral, os filósofos não consideraram que esta seja uma propriedade interessante a ser explorada. A excepção é Peter Unger, que defendeu o cepticismo, afirmando que 1) a certeza psicológica é uma exigência do conhecimento e 2) nenhuma pessoa está jamais certa de coisa alguma, ou de quase coisa alguma. Aplicado a proposições, “certo” não tem um uso unívoco. Por exemplo, alguns autores (e.g., Chisholm) podem sustentar que uma proposição é epistemicamente certa desde que nenhuma proposição tenha mais garantias. Dada esta perspectiva, é possível que uma proposição seja certa e que, contudo, existam razões legítimas para duvidar dela, desde que existam bases igualmente boas para duvidar de todas as proposições que tenham a mesma garantia. Outros filósofos adoptaram uma perspectiva cartesiana da certeza, na qual uma proposição é epistemicamente certa desde que tenha garantias e não existam quaisquer bases legítimas para duvidar dela.
Tanto a caracterização de certeza epistémica de Chisholm como a cartesiana pode ser usada para fornecer uma base para o cepticismo. Se o conhecimento implica a certeza, então pode-se argumentar que pouquíssimo se sabe, se é que se sabe alguma coisa. Pois, continua o argumento, só as tautologias ou proposições como “Eu existo” ou “Eu tenho crenças” são tais que ou nada tem mais garantias ou não há em absoluto quaisquer bases para delas duvidar. Assim, quase nada se sabe. A maior parte dos filósofos têm respondido negando que “certeza” seja um termo absoluto, i.e., que não admita graus, ou negando que o conhecimento exija a certeza (Dewey, Chisholm, Wittgenstein e Lehrer). Outros concordam que o conhecimento implica a certeza absoluta, mas defenderam que a certeza absoluta é possível (e.g., Moore).
Por vezes, “certo” é complementado com outras expressões, como “moralmente certo”, “metafisicamente certo” ou “logicamente certo”. Uma vez mais, não há qualquer abordagem universalmente aceite destes termos. Tipicamente, contudo, são usados para indicar graus de garantia de uma proposição, e esses graus de garantia são amiúde entendidos como uma função do tipo de proposição sob consideração. Por exemplo, a proposição de que fumar provoca o cancro é moralmente certa desde que a sua garantia seja suficiente para justificar agir como se fosse verdadeira. As provas a favor dessa proposição podem, inevitavelmente, depender do reconhecimento de características particulares do mundo. Por outro lado, para que uma proposição, digamos, que todo o acontecimento tem uma causa, seja metafisicamente certa, as provas a seu favor não podem depender do reconhecimento de características particulares do mundo, mas antes do reconhecimento do que tem de ser verdadeiro para que o nosso mundo seja o tipo de mundo que é — i.e., um mundo com conexões causais. Por fim, uma proposição, digamos, que todo o efeito tem uma causa, pode ser logicamente certa se for derivável das “verdades da lógica” que não dependem de modo algum do reconhecimento de seja o que for sobre o nosso mundo. Dado que outras taxonomias para estes termos são usadas pelos filósofos, é crucial examinar o uso dos termos nos seus contextos.