O mais antigo interesse pela linguagem durante o período grego antigo era em grande medida instrumental: supostos factos sobre a linguagem e as suas características eram postos ao serviço da argumentação filosófica. Talvez inevitavelmente, esta actividade deu lugar à análise da linguagem em si.
Algumas linguagens são expressivas; seja complementar seja principalmente, expressam sentimentos e/ou atitudes. Há elocuções puramente expressivas, mas há também partículas expressivas, como “raios”, que ocorrem integradas em frases gramaticais.
A filosofia do século XX, tanto na tradição “analítica” como na “continental”, preocupou-se com questões acerca do significado linguístico, e acerca da maneira como a linguagem se relaciona com a realidade. Na tradição analítica, isto foi em larga medida uma consequência das revoluções ocorridas na lógica, e a que Frege e Russell deram o pontapé de saída.
Uma frase é uma sequência de palavras, formada segundo as regras sintácticas de uma língua. Mas uma frase tanto tem propriedades semânticas como sintácticas: tanto as palavras como a frase completa têm significado. Os filósofos têm tido tendência para se centrar nas propriedades semânticas das frases indicativas, em particular no facto de serem verdadeiras ou falsas.
É um lugar-comum da lógica filosófica que há, ou aparenta haver, divergências no significado entre, por um lado, ao menos alguns do que devemos chamar de instrumentos formais — ¬, ∧, ∨, ⊃, (∀x), (∃x), (∃!x) (quando a esses é dada uma interpretação padrão de dois valores) — e, por outro lado, o que são tidos como seus análogos ou contrapartes na linguagem natural — expressões tais como não, e, ou, se, todo, alguns (ou ao menos um), o.
Exemplos de condicionais indicativas são “Se choveu, então o jogo foi cancelado” e “Se Alex jogar, Carlton vencerá”. O contraste é com as condicionais subjuntivas ou contrafactuais, como “Se tivesse chovido, então o jogo teria sido cancelado”, e com categóricos, tal como “Choverá”.
O filósofo tradicional faz teorias sobre as frases condicionais do seguinte modo: primeiro, considera alguns exemplos de frases condicionais; em seguida, tem um insight sobre algum princípio geral capaz de revelar algo sistemático subjacente a esses exemplos; por fim, procura reformular ou defender esse princípio diante das frases que parecem escapar ou contradizer a sua explicação.
Esta é uma obra póstuma: é um fragmento do que seria um dos capítulos de um livro sobre lógica filosófica em que Michael Woods trabalhava por ocasião de sua morte em Abril de 1993. O material foi transcrito por John Foster e editado por David Wiggins. O livro contém oito capítulos, seguidos de comentários de Dorothy Edgington, além de um obituário, um curriculum vitae e a bibliografia de Woods.
Em “A Puzzle about Belief” (Meaning and Use, ed. by A. Margalit, Reidel, Dordrecht, 1979, pp. 239-283), Kripke enuncia dois princípios que descreve como auto-evidentes. O primeiro é o princípio da descitação: “Se um locutor normal de inglês, sob reflexão, assente sinceramente a ‘P’, então acredita que P” (p. 249).
Este livro faz parte da série “Os Problemas da Filosofia: o seu Passado e Presente”, dirigida por Ted Honderich. Como os outros livros da série, tem duas partes: a primeira é uma apresentação da história do problema e a segunda é uma exposição das contribuições do próprio autor sobre o tema.
As frases condicionais são objeto de pesquisa não só em filosofia, mas também em psicologia e linguística. A bibliografia sobre o tema é densa, por vezes muito técnica e contém hipóteses contra-intuitivas, como a negação de que o modus ponens seja uma forma argumentativa válida.
Usamos cotidianamente um conjunto de expressões para captar, selecionar ou referir uma determinada coisa particular e podermos em seguida dizer algo sobre essa coisa. Expressões desse tipo incluem nomes próprios, como “Platão” ou “João”, descrições definidas, como “o rei da França” ou “o autor da República”, demonstrativos, como “este” ou “isto”, etc.
A expressão “o argumento da linguagem privada” é às vezes usada em referência a uma bateria de argumentos presentes nas Investigações Filosóficas de Wittgenstein, §§ 243-315, que dizem respeito ao conceito de mente e às suas relações com as suas manifestações comportamentais (o interno e o externo), ao autoconhecimento e ao conhecimento de estados mentais alheios, às exteriorizações de experiências e às descrições de experiências.
Alguém poderia concordar com seu interlocutor quando este afirmasse a sentença 1) “Muhammad Ali foi o maior boxeador de todos os tempos”, mas tomar por falso ou ficar sem saber o que dizer frente à afirmação de 2) “Cassius Clay foi o maior boxeador de todos os tempos”. Esta pessoa ficaria certamente surpresa com a informação que 3) “Muhammad Ali é Cassius Clay”.
Neste ensaio discutiremos as doutrinas da inescrutabilidade e relatividade referenciais tal como surgem nos escritos recentes de Quine, em particular nas John Dewey Lectures, “Relatividade Ontológica”. O ensaio divide-se em três secções.
Além deste livro, Steven Roger Fisher é autor de A History of Writing (2001), Glyphbreaker: A Decipherer’s Story (1997), A History of the Pacific Islands (2002), Rongorongo: The Easter Island Script (1997) e A History of Reading. O autor fala fluentemente inglês, francês, espanhol e alemão, fala um pouco outras cinco línguas e lê em oitenta idiomas.
A teoria descritivista do sentido ou conteúdo de nomes próprios aduzida por Frege e Russell foi durante muitos anos amplamente aceite, e ainda hoje existem muitos partidários desta, quer da versão original quer das versões mais modernas. Se a teoria descritivista do sentido de nomes próprios enfrenta hoje objecções poderosíssimas, ou mesmo definitivas, é graças ao trabalho seminal de Saul Kripke (Kripke, 1972).
Durante muitos anos as teorias descritivistas aduzidas por Frege e Russell forneceram o modelo explicativo internista do mecanismo através do qual os nomes próprios e os termos para tipos naturais referem: os nomes e os termos para tipos naturais referem um certo objecto em virtude da descrição definida ou conjunto de descrições — as intensões — que os falantes associam ao termo denotar um e um só objecto.
O que torna a linguagem um objecto de estudo tão feliz é o facto de existir em todos nós e cada um poder usá-la como uma fonte de dados para confirmar, ou refutar, teorias gerais sobre ela. Nesta excelente obra de divulgação científica, Steven Pinker apresenta-nos a psicolinguística contemporânea, tomando como tópico principal o passado na língua inglesa e a distinção entre verbos regulares e irregulares.
À primeira vista, Noam Chomsky não é um estruturalista. Longe de afirmar que “o homem morreu”, ele ataca a psicologia behaviourista, o capitalismo industrial e o socialismo estatista justamente pela sua falta de humanismo. Sendo um activista político, as suas simpatias vão para a ala anarquista do Humanismo Socialista, excomungado pelos estruturalistas.
A vagueza não é fácil de caracterizar ou de definir. Uma razão para esta dificuldade é que parece haver várias concepções diferentes de vagueza, e não é claro aquilo que elas têm em comum. Uma apreensão intuitiva de uma das concepções de vagueza é desde logo proporcionada por meio de uma metáfora que Frege usa nos seus Fundamentos da Aritmética.