Desde a década de oitenta que o professor de filosofia Aleksandr Dugin acredita que o destino manifesto da Rússia é um poder cristão ortodoxo e imperial inteiramente diferente do liberalismo ocidental, e completamente na sua contramão. Em pessoa, o rosto estriado e barbudo de Dugin e a sua fogosa autoconfiança, fazem dele uma encarnação moderna de um starets, ou homem sagrado, de um romance de Tolstoi.
Anselmo nasceu em Aosta, na Itália, em 1033 ou 1034, e morreu em 1109, com 75 ou 76 anos. É também conhecido como Anselmo da Cantuária, porque foi arcebispo dessa província, sucedendo a Lanfranc. Mas foi como monge, no mosteiro beneditino de Nossa Senhora de Bec, situado no que é hoje o norte de França, que escreveu, por volta dos 44 anos, aquela que é talvez a sua mais influente obra: Proslogion (1077–1078).
Uma maneira esclarecedora de compreender o que é a lógica e qual é a sua importância é compreender primeiro o que é o raciocínio e qual é a sua importância. Será aqui abordado sobretudo o raciocínio discursivo, que é onde a lógica desempenha o seu papel mais óbvio, mas nem todo o raciocínio é discursivo. Quando reconhecemos um rosto humano, subimos um lance de escadas ou até quando caminhamos, a quantidade de raciocínio exigida é impressionante. Contudo, está quase inteiramente fora do nosso controlo.
A linguagem vulgar é muitas vezes vaga, imprecisa e ambígua. No último caso, isto acontece quando os termos que utilizamos para comunicar admitem mais do que uma interpretação, podendo a mesma expressão assumir diferentes significados ou designar diferentes coisas (objetos, acontecimentos, etc.). A expressão «ser humano», como é sabido, pode ser interpretada no sentido biológico para designar os membros da espécie Homo Sapiens, ou no sentido psicológico, relativo a pessoa.
Devo iniciar dizendo o que penso ser o objeto desta atividade chamada filosofia moral. Consiste em encontrarmos uma maneira de pensar melhor – isto é, mais racionalmente – sobre questões morais. O primeiro passo em direção a isto é: entender as questões que você está levantando. Isto poderia parecer óbvio, mas dificilmente tentamos fazê-lo.
O problema de indução que vou abordar neste texto é o problema de justificar a inferência: todos os F observados têm sido G; logo, todos os F são G. Este tipo de inferências é corrente no dia-a-dia. Por exemplo, todos os corvos observados têm sido negros, logo, todos os corvos são negros; todos os cisnes observados têm sido brancos, logo, todos os cisnes são brancos; todos os electrões observados têm-se repelido, logo, todos os electrões se repelem.
Acabei de escrever o livro Science Fictions (Nova Iorque: Metropolitan Books, 2020) no início de 2020, razão pela qual só incluí uma breve menção ao que acabou por se tornar a maior crónica científica das nossas vidas: a pandemia do COVID-19. Desde a Guerra Fria e da Corrida Espacial que não ouvíamos falar tanto de ciência diariamente, e desde essa altura que não se depositavam tantas esperanças na ciência.
Os chamados testes clínicos de desafio humano (TDH) para a Covid-19 são uma forma de avaliar e desenvolver vacinas que envolvem, em um ambiente controlado, infectar intencionalmente (com uma versão do vírus SARS-COV-2, um vírus de “desafio”), de cem a duzentos voluntários plenamente informados e que consintam em participar.
Algumas linguagens são expressivas; seja complementar seja principalmente, expressam sentimentos e/ou atitudes. Há elocuções puramente expressivas, mas há também partículas expressivas, como “raios”, que ocorrem integradas em frases gramaticais.
Matei a Maria queimando-a com um maçarico. Deixei a Maria morrer com uma doença que lhe provocava dores tão intensas como queimaduras. Em nenhum dos casos a Maria fez o que quer que fosse para merecer aquele sofrimento e este não tinha qualquer intenção de evitar um sofrimento muito maior. Será que a minha acção no primeiro caso é moralmente diferente da minha omissão no segundo?
Homo sapiens quer dizer hominini sábio, e em muitos aspetos merecemos o epíteto específico do binómio de Lineu. A nossa espécie fez a datação da origem do Universo, sondou a natureza da matéria e da energia, descodificou os segredos da vida, desvendou o circuito da consciência e fez a crónica da nossa história e da nossa diversidade.
Para um cientista, distinguir entre ciência e pseudociência é similar a andar de bicicleta. A maioria das pessoas sabe andar de bicicleta, mas apenas algumas conseguem explicar como o fazem. De alguma maneira temos a capacidade de manter o equilíbrio, e todos parecemos fazê-lo de maneira aproximadamente igual, mas como fazemos isso?
A preocupação de John Locke quanto à identidade pessoal encerra uma dimensão interessante: centra-se na noção de pessoa, escolhida para evitar que o princípio da continuidade da identidade dependa do corpo, que cresce, muda e envelhece, e que pode ser afetado por, digamos, um acidente, em que as memórias, caráter e propósitos associados àquele indivíduo poderão desaparecer e ser completamente substituídos, ainda que o corpo seja o mesmo.
O critério de Mahatma Gandhi para avaliar a grandeza de uma nação e o seu progresso moral era o tratamento dado aos animais. Por esse padrão, não podemos afirmar que houve muito progresso moral nos últimos dois milénios.
A lógica proposicional é, em demasiados aspetos, bastante limitada. Apenas permite dar conta das condições de validade de um conjunto restrito de argumentos dedutivos.
Um conjunto final de questões sobre a Perspectiva Padrão emerge da consideração da Perspectiva Relativista. Assim como a Perspectiva Naturalista e ao contrário da Perspectiva Cética, a Perspectiva Relativista não sugere exatamente que a Perspectiva Padrão seja falsa, mas antes que é incompleta e que não leva em conta considerações importantes.
Em 29 de Dezembro do ano passado, Hasan Gokal, o director clínico da equipa de resposta à COVID-19 no Condado de Harris, no Texas (que inclui Houston, a quarta maior cidade dos Estados Unidos em termos de população), supervisionava a administração da vacina da Moderna, na sua maior parte a trabalhadores de serviços de urgência.
Por que razão não consigo dividir sete sardinhas inteiras por três gatos? Por que razão não consigo atravessar as sete pontes de Königsberg, uma só vez e numa única caminhada? Por que razão a espécie Magicicada de cigarras da América do Norte tem ciclos de vida ímpares, de 13 ou 17 anos?
O nosso assunto é quádruplo — um livro e seu significado; um homem e suas ideias; uma cultura e suas preocupações; uma sociedade e seus problemas. A sociedade é a Kakania — em outras palavras, a Viena dos Habsburgo dos últimos vinte e cinco ou trinta anos do Império Austro-Húngaro, conforme captado com uma ironia perspicaz por Robert Musil no primeiro documental volume do seu romance O Homem Sem Qualidades.
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Não poucos filósofos de admirável inteligência consideraram que o fato de normalmente não conseguimos ver de um objeto físico mais do que uma parte da sua superfície tem consequências paradoxais, ou seja, que dele decorre que a crença de “senso comum” segundo a qual podemos ver objetos físicos e, com base nisso, saber que há tais objetos tem de ser ou decididamente rejeitada ou substancialmente modificada.
A filosofia do século XX, tanto na tradição “analítica” como na “continental”, preocupou-se com questões acerca do significado linguístico, e acerca da maneira como a linguagem se relaciona com a realidade. Na tradição analítica, isto foi em larga medida uma consequência das revoluções ocorridas na lógica, e a que Frege e Russell deram o pontapé de saída.
A epistemologia moderna começa com uma teoria da conspiração. “Irei supor”, escreve Descartes, “que um génio maligno, poderoso e astuto, tudo fez para me enganar […] Irei pensar que o céu, o ar, a terra, as cores, formas, sons e todas as coisas externas não passam de sonhos que o génio maligno maquinou como armadilhas para o meu juízo”.
Agatha Christie escreveu em sua autobiografia que sempre fora fascinada pela matemática e que pensou que em algum momento de sua vida, se tivesse continuado seus estudos, teria se tornado uma matemática e nunca teria escrito quaisquer estórias de detetive.
Em um cenário de extrema escassez de recursos hospitalares para elevado volume de pacientes na pandemia por Covid-19, quais devem ser as diretrizes para a alocação de leitos e ventiladores em UTI? Gravidade da situação do paciente? Ordem de chegada? Maiores chances de recuperação da doença? Sorteio? Profissionais da saúde na linha de frente devem ter prioridade? Como lidar com a escolha entre pacientes com a mesma situação clínica, ou seja, com o empate?
Acautele-se o leitor que decida abrir Facfulness, o livro onde Hans Rosling condensou a sua experiência de uma vida como médico, investigador, professor e reputado conferencista de Saúde Internacional, com a colaboração do filho Ola e da nora Anna, que se encarregaram mais especificamente da análise de dados, dos gráficos e das explicações visuais!