Jerome Stolnitz nasceu no dia 11 de Junho de 1925, na cidade de Nova Iorque. Licenciou-se na City College de Nova Iorque em 1944 e doutorou-se em filosofia na Universidade de Harvard em 1949.
Até à década de 1960, os filósofos estudaram menos intensivamente a representação pictórica do que o significado linguístico. A doutrina tradicional segundo a qual as imagens representariam objectos copiando a sua aparência tinha vindo a ser posta em questão pelos teóricos da arte desde o primeiro quartel do século XX, quando aqueles que eram considerados como estilos ilusionistas em pintura foram perdendo popularidade em favor do prestígio cada vez maior dos chamados estilos artísticos “primitivos”, e das experiências fauvistas e cubistas levadas a cabo pelos artistas dessa época.
Suponha que você esteja lendo A Terra Inútil de Eliot, Rei Lear de Shakespeare, Ulisses de Joyce e A enfermaria nº 6 de Chekhov. Você está lendo um poema, uma peça, um romance e um conto. Poderíamos também dizer que você está lendo uma obra de literatura, ou de literatura imaginativa — embora no caso de Rei Lear alguém pudesse se inclinar a negar isso, pretendendo distinguir nitidamente literatura de drama.
As questões acerca da interpretação de textos literários e da relação entre essa actividade e as intenções dos autores ao escreverem os textos são longevas e dão poucos sinais de virem a ser definitivamente resolvidas a curto prazo. Na verdade, o debate acerca do intencionalismo na literatura parece ter ganho um novo fôlego nos últimos anos.
Uma teoria relacional da arte, historicamente orientada, é uma das abordagens correntes mais promissoras à procura por uma definição da arte. Enquanto tentativa de aperfeiçoar ou dar uma versão mais pormenorizada da abordagem histórica, este artigo combina partes da explicação de Kripke-Putnam acerca do que determina a extensão de um termo com uma abordagem histórica à definição da arte.
Defendo a concepção das obras musicais como tipos indicados, temporalmente iniciados, contra o argumento recente de Julian Dodd de que todos os tipos são eternos e incriados. Ao fazê-lo, desenvolvo uma nova abordagem aos tipos culturais e naturais. Embora os tipos sejam, em certo sentido, determinados pelas propriedades que lhes subjazem, nem todas as propriedades determinam tipos.
A teoria de Sibley é um tipo de teoria característico de uma corrente da estética (e da ética) de meados do século XX, e é enquanto teorização filosófica desse género que pretendo desacreditá-la. O que me interessa não são tanto as conclusões a que se chega a partir de perspectivas como a de Sibley mas a concepção que nessas perspectivas se tem do enquadramento no qual se levanta as questões que por sua vez levam a conclusões.
As observações que fazemos acerca de obras de arte são de diversos géneros. Neste artigo quero distinguir entre dois grupos amplos. Afirmamos que um romance tem um grande número de personagens e que é acerca da vida numa cidade fabril; que uma pintura tem cores suaves, predominantemente azuis e verdes, e que exibe figuras ajoelhadas em primeiro plano.
Os textos contemporâneos acerca de estética são dedicados quase exclusivamente às artes e muito raramente à beleza natural. A estética é inclusive definida por alguns autores de meados do século como “filosofia da arte”, ou “filosofia da crítica”. Duas sobejamente citadas antologias de estética (a de Elton na Grã-Bretanha, a de Vivas e Krieger nos EUA) não incluem estudo algum da beleza natural.
Observo o nosso jardim. Um tordo e um gaio-azul saltitam na relva. Perto da vedação as rosas começam a florir. Olhando mais além, vejo à distância os contornos da cordilheira que nos separa do oceano. O nevoeiro de início da noite chega vindo do oceano, sobre o topo da serrania, cobrindo florestas e colinas verdejantes. Volto-me e observo a pintura na parede.
Poderá o conceito contemporâneo do “estético” ser defendido? Encontra-se em boa forma ou estará enfermo? Devemos mantê-lo ou descartá-lo? O conceito do estético é usado para caracterizar um âmbito de juízos e experiências. Comecemos com alguns exemplos de juízos que os estetas classificam como estéticos, de modo a termos alguma ideia daquilo acerca de que falamos.
Não há como duvidar de que a teoria moral de Hume tinha raízes nos escritos de Francis Hutcheson. Um exame das respectivas posições revela-o de modo suficientemente claro; mas Hume deixou-nos indícios históricos ainda mais substanciais sob a forma de cartas a Hutcheson, escritas entre 1739 e 1741 – o período em que foi publicado o Tratado da Natureza Humana.
Quero levantar a que me parece a questão mais importante da estética, nomeadamente: existirá esse assunto? Haverá algum modo de definir ou um objeto ou um método de estudo que isole um domínio de questões acerca de cuja importância os seres racionais possam concordar e que ocuparia o lugar tradicionalmente atribuído à estética entre as áreas da filosofia?
Este artigo diz respeito aos dois modos mais importantes de abordar a questão da definição da arte – o funcionalismo e o procedimentalismo. Alguns autores comprometem-se expressamente com a tarefa da definição e a um ou outro destes campos. Outros revelam um compromisso com um ou outro modo através dos termos em que discutem obras de arte.
No seu livro de 1991, Definitions of Art, Stephen Davies dedica a maior parte do espaço a categorizar e considerar as teorias da arte no século XX produzidas desde 1964, sob as designações de funcionalistas e procedimentalistas. Quase no final do livro Davies introduz uma terceira categoria de teorias da arte – as históricas – e discute várias teorias desse género.
O Sr. Jones veste a sua camisa de flanela azul e vermelha axadrezada e pega numa gravata de seda amarela às bolinhas pretas. A sua esposa, observando-o horrorizada, interpela:
— Que fazes? Vais usar essa gravata com essa camisa?
— E se usar?
— Nem pensar! Não combinam!
Em After The End of Art Arthur C. Danto defende que a arte — ou pelo menos um certo tipo de arte — chegou ao fim. A ideia não é nova. É o próprio Danto quem nos informa que entende por “fim da arte” exactamente o mesmo que Hegel já havia anunciado há mais de um século.
O problema de saber como definir um qualquer conceito, tem sido uma das tarefas filosóficas mais proeminentes. O mesmo acontece na filosofia da arte, onde o problema de definir “arte” tem tido um lugar privilegiado. Houve mesmo quem defendesse que se não conseguíssemos definir um conceito, não poderíamos aplicá-lo correctamente.
A atitude estética, ou a “forma estética de contemplar o mundo”, é geralmente contraposta à atitude prática, na qual só interessa a utilidade do objecto em questão. O verdadeiro negociante de terrenos que contempla uma paisagem só a pensar no possível valor monetário do que vê não está a contemplar esteticamente a paisagem.
Há uma determinada música, nomeadamente, a música artística ocidental escrita desde que se desenvolveu uma notação musical sofisticada, música que descrevemos comummente em termos de “obras” e de “execuções”. Afirmamos, pelo menos pré-sistematicamente, que a sinfonia Eroica é uma coisa e a execução dessa obra pela Orquestra Sinfónica de Boston na passada Quinta-feira é outra coisa.
Há obras de arte que valem milhões de euros, galerias e salas de concerto que se enchem, mesmo que seja preciso pagar bem para adquirir um bilhete. Praticamente todos os governos investem somas avultadas na promoção e na divulgação da arte, assim como na educação artística dos seus cidadãos.
A filosofia da arte é formada por um conjunto de problemas para a resolução dos quais concorrem diferentes teorias. O primeiro problema que qualquer teoria da arte tem de enfrentar é o problema da própria definição de “arte” ou de “obra de arte”, nem que seja para depois o abandonar.
Será que a arte avant-garde tem uma importância especial para a filosofia da arte? Evidentemente, alguma arte avant-garde pode ser intrinsecamente interessante. Talvez os filósofos possam reflectir sobre o significado e valor dessas obras. Algumas podem mesmo levantar questões filosóficas.
Num certo sentido, os nossos conceitos são, na sua maioria, históricos. Qualquer conceito que tenha aplicação contingentemente é histórico no sentido de que, se a história do mundo tivesse sido diferente, aplicar-se-ia a coisas diferentes. O conceito de arte é histórico nesse sentido: se Rembrandt tivesse pintado mais um auto-retrato, o conceito de arte teria mais uma coisa na sua extensão.
Há quem argumente não haver arte em algumas culturas não ocidentais porque os membros dessas culturas não têm qualquer conceito de arte. Outros argumentam que os membros de algumas culturas não ocidentais têm conceitos de arte porque têm arte. Ambos os argumentos pressupõem que se há arte numa dada cultura, então alguns membros da cultura têm um conceito de arte.
O propósito deste capítulo é apresentar um argumento a favor da hipótese de que as obras de arte são tipos de acções (HTA). Será útil, porém, começarmos por examinar algumas teorias alternativas correntes na bibliografia e mostrar que são imperfeitas em diversos aspectos. Esta discussão permitir-nos-á formular uma série de restrições a uma ontologia da arte.
Creio que falar ou escrever numa língua consiste em realizar actos de fala de um tipo muito específico chamado “actos ilocutórios”. Estes incluem o fazer afirmações, colocar perguntas, dar ordens, fazer promessas, pedir desculpa, agradecer, etc. Creio também que há um conjunto sistemático de relações entre o significado das palavras e frases que proferimos e os actos ilocutórios que realizamos ao proferir aquelas palavras e frases.
As teorias estéticas podem proclamar-se universais, mas normalmente são condicionadas pelas questões e debates estéticos das suas próprias épocas. Platão e Aristóteles tinham ambos uma motivação igualmente forte para explicar as artes gregas do seu tempo e para ligar a estética às suas metafísicas gerais e teorias do valor.
Explicações naturalistas acerca de diversos fenômenos culturais são abundantes atualmente. Explica-se quase tudo a partir da evolução da nossa espécie, desde o nosso gosto estético, até a nossa repulsa por alguns odores. Há quem acuse tal tendência de ser um exercício reducionista, que torna simplório aquilo que não o é.
A música tem sido objecto de investigação filosófica desde o início da filosofia. Ao ler a República de Platão pela primeira vez, os estudantes não raro se surpreendem ao ver que o autor dedica considerável espaço à influência da música no carácter pessoal e na harmonia social. Para Platão e os seus contemporâneos, uma explicação da música era relevante para questões de metafísica e epistemologia.
Muitas pessoas encaram a arte como algo sagrado, inquestionável e de valor superlativo. Isso parece tornar intolerável a simples ideia de destruir obras de arte. Mas será tal ideia assim tão disparatada? Penso que não.
Parece bastante razoável a idéia de que há alguma relação entre a música e as emoções humanas. É comum ouvir pessoas a utilizar termos emocionais para se referir às músicas que escutam nos mais variados contextos. Frases como “Esta música é triste”, “Esta música expressa melancolia”, “Esta passagem musical é jocosa”, são proferidas de forma mais ou menos irrefletida pela maioria de nós.
Confesso que a pergunta “É possível definir arte?” deixa-me perplexo. Porém, o motivo pelo qual fico perplexo é provavelmente diferente do motivo pelo qual os “especialistas” em filosofia da arte também o ficam. Isto porque a resposta a esta pergunta soa-me óbvia. Claro que é possível definir arte. Podemos definir arte ostensivamente.
A ontologia das obras de arte é um ramo da estética que examina o(s) género(s) de existência que têm as obras de arte (incluindo as obras literárias e musicais). Só no século XX a ontologia das obras de arte se tornou um tópico de discussão regular e contínuo entre os filósofos. Evidentemente, encontramos observações sobre este tópico nos escritos dos filósofos anteriores.
O que é a arte? Qual é a natureza da arte? Ao longo da história muitos filósofos e críticos de arte tentaram criar teorias para resolver esse problema. Dentre eles estão Platão, Aristóteles, Bell, Croce, Collingwood e muitos outros.
Permita-se-me que comece por agradecer a Kirk Pillow pelos seus comentários perspicazes e úteis ao meu recente artigo “Como Falsificar uma Obra Musical”. Embora continue a pensar, à luz desses comentários, que mostrei como pode haver falsificações “reprodutivas” de obras musicais, o Professor Pillow revelou-me vários aspectos que têm de ser esclarecidos.
Há uma diferença importante a notar entre as perguntas “O que é a música?” e “O que é uma obra musical?”. No primeiro caso trata-se de definir o conceito de música; no segundo caso trata-se de descobrir a que categoria ontológica pertence um certo género de entidade musical (é um particular concreto, uma entidade abstracta, um acontecimento, uma entidade mental?), e quais as suas condições de existência e identidade.
Suponhamos que alguém crê equivocadamente que a sociologia é a arte de ser sociável. Provavelmente essa pessoa franzirá o sobrolho ao ouvir alguém associar sociologia e, digamos, estatística. A estatística não serve para criar ambiente e é pouco apropriada para conversas ligeiras.
Uma das questões mais fundamentais de estética musical é a seguinte: o que tem importância primordial em termos musicais — as obras musicais (sinfonias, canções, sonatas, etc.) ou as interpretações de obras musicais? Serão as obras os objectos básicos da atenção, apreciação e juízo musicais?
Desde o início da estética analítica, há cerca de cinquenta anos, a música é talvez a arte que os filósofos mais têm discutido. As razões para a atracção dos filósofos pela música como objecto de estudo são obscuras.
O Journal of Aesthetics and Art Criticism publicou recentemente um simpósio sobre o legado de Nelson Goodman. Entre os contributos encontra-se “Como Falsificar uma Obra Musical”, de Peter Kivy. Goodman argumentou em Linguagens da Arte que um certo género de falsificação não é possível na música ou outras artes “alográficas”, incluindo a literatura.
É difícil aos filósofos da arte mais jovens aperceberem-se do estado em que a disciplina se encontrava quando os estudantes da minha geração iniciaram as suas pós-graduações no final da década de 1950 e início da década de 1960. Tratava-se, falando com franqueza, de um deserto com um grande oásis: a obra de Monroe Beardsley, Aesthetics: Problems in the Philosophy of Criticism (1958).
Uma definição da arte visa comummente aplicar-se às obras que pertencem claramente às tradições das belas-artes ocidentais e aos seus desenvolvimentos, incluindo os do avant-garde; e talvez também a certos objectos de proveniência cultural alternativa (e.g., pinturas rupestres, têxteis dos shakers).
A disciplina filosófica da estética lida com problemas conceptuais que emergem do exame crítico da arte e do estético. Monroe Beardsley deu ao seu livro de 1958 sobre estética geral o subtítulo de Problemas da Filosofia da Crítica, sugerindo que a estética é sobre conceitos filosóficos que são usados — muitas vezes sem pensar — por críticos de arte.
Embora possamos encontrar escritos filosóficos sobre música que remontam a Platão e Aristóteles, e a discussão por parte de filósofos que não se situam na tradição analítica, como Schopenhauer, Adorno e Nietzsche, os problemas filosóficos que hoje identificamos como aqueles que abrangem a estética da música tiveram pela primeira vez um tratamento clássico com o crítico vienense Eduard Hanslick.
Desde o autêntico renascimento da estética e da filosofia da arte na década de 1960, tem havido uma clara tendência para tratar as artes individuais na medida em que apresentam problemas filosóficos que lhes são peculiares. Isto não equivale a afirmar que não se tem desenvolvido também a filosofia da arte em geral.
A filosofia da música é o estudo acerca do que é a música e de como esta tem significado. Associadas a estes assuntos abrangentes e abstractos estão questões que têm a ver com a composição, a execução e a audição: O que é a beleza na música? Quais os efeitos da música em indivíduos, grupos e sociedades inteiras? Que relações há entre a música, a natureza do som e a natureza do cosmos?
Há quem ponha em causa a relevância da metafísica da música, tanto para a experiência que temos dela como para a compreensão da sua natureza. Quem argumenta que a metafísica da música é musicalmente irrelevante, se bem compreendo, defende que os problemas metafísicos sobre música são musicalmente irrelevantes por não serem problemas da música e sim da metafísica.
Não é possível ensinar bem filosofia da arte sem saber bastante de arte, tal como não é possível ensinar filosofia da matemática sem saber matemática, por exemplo. Sucede que a filosofia da arte é matéria meramente opcional do programa de filosofia do secundário.
A tarefa deste livro é responder à pergunta “O que é a arte?” Uma pergunta deste tipo tem de ser respondida em duas fases. Em primeiro lugar, temos de garantir que a palavra crucial (neste caso “arte”) é tal que sabemos aplicá-la onde deve ser aplicada e recusá-la onde deve ser recusada.
“Narrativa” é uma daquelas palavras formidáveis que está a tornar-se cada vez mais comum. Os jornalistas contemporâneos acabaram por adorá-la, mas os seus predecessores das gerações anteriores tê-la-iam desdenhado por ser excessivamente pretensiosa. Mas agora parece moeda corrente — do New York Times à Fox News Network.
Esta versão portuguesa da Introdução à Estética de George Dickie, originalmente publicada em 1997, tem muitos méritos e um defeito importante. O seu autor, professor emérito da Universidade de Illinois, é uma das referências incontornáveis da Estética praticada pelos filósofos analíticos, nas últimas três décadas, a par de nomes como Nelson Goodman, Arthur Danto e Maurice Mandelbaum.
O que é exactamente encarar a literatura como arte? É amplamente reconhecido que pelo menos alguns poemas, romances e peças de teatro são genuinamente obras de arte, mas está longe de ser claro o que quer isto realmente dizer. Por que razão exclui rimas sentimentais ou cartões de aniversário ou versos cómicos apimentados ou romances de género como livros de detectives e de ficção científica?
Naquele que para os professores é talvez o mais destacado ensaio de estética, o primeiro capítulo de Art, Clive Bell faz uma observação tipicamente estranha e excessiva: “O leitor dar-se-á conta de que quem é incapaz de emoções estéticas puras recorda-se dos quadros que observou em virtude do seu tema; ao passo que quem é capaz de tais emoções normalmente desconhece o tema de uma pintura”.
Interessa-me compreender que tipo de funções desempenham as asserções em estética. Descreverão factos, como a asserção “A relva viva é verde”, factos esses que poderiam ser diferentes, servindo por isso para refutá-las?
Na história recente da estética, poucos foram os ensaios tão influentes como os três escritos nos anos cinquenta por Paul Ziff, Morris Weitz e W. E. Kennick. Apesar de os seus atractivos, teses e argumentos variarem em muitos aspectos, todos chegaram a uma conclusão wittgensteiniana comum.
A prosa clássica foi um estilo amplamente cultivado em França, no século XVIII, mas surge noutras culturas, incluindo orientais, e não se trata de um arcaísmo: é um estilo vivo, tão importante hoje como no passado. Esta obra apresenta o estilo clássico, contrastando-o com outros, através de exemplos e explicações sobre as suas características fundamentais.
As teorias da arte têm por objetivo explicar a natureza da obra de arte em geral. Alguns críticos consideram essa tarefa inevitavelmente fadada ao fracasso. Segundo eles, a arte é um fenômeno demasiado diversificado para que possa ser encontrada uma essência comum a todas as suas manifestações, o que equivale a dizer que não podemos encontrar condições necessárias e suficientes para a sua identificação.
A teoria tem tido um papel central na estética e ainda é a preocupação da filosofia da arte. A sua maior preocupação continua a ser, assumidamente, a determinação da natureza da arte, que possa ser formulada por meio de uma definição. Ela concebe a definição como a afirmação das propriedades necessárias e suficientes daquilo que está a ser definido, e esta afirmação diz algo de verdadeiro ou falso acerca da essência da arte, acerca daquilo que a caracteriza e a distingue de tudo o resto.
Algumas coisas são verdadeiras no mundo de uma obra literária. No mundo evocado por Madame Bovary é verdadeiro que Emma Ruault se casou com Charles Bovary. Todavia, neste artigo não estamos preocupados com a verdade numa obra de ficção, mas sim com o que significa uma obra de arte dizer a verdade sobre o mundo real ou ser-lhe fiel.
A arte conceptual é o único movimento artístico levado a cabo por um só homem: Marcel Duchamp (1887–1969). A sua obra produziu uma espécie de revolução coperniciana no mundo da arte. Depois dos seus “ready-made” a arte nunca mais foi a mesma. Apesar de ser o mais influente artista do século XX, lançando a tradição avant-garde na arte, a sua obra provoca ainda assim acesas disputas.
A filosofia da arte, ou estética, é uma das disciplinas filosóficas que tem merecido cada vez mais interesse, sobretudo em países de tradição analítica. Por isso, é hoje possível encontrar, em língua inglesa, obras de filosofia da arte escritas com grande rigor e profissionalismo. Rigor e profissionalismo que habitualmente andam associados a disciplinas mais técnicas como a lógica, a epistemologia ou a ética.
Citati presenteia-nos, mais uma vez, com um livro fascinante. É um autor de vastíssima obra, quer como autor literário ou como crítico literário. No nosso país encontravam-se apenas traduzidos dois dos seus livros: o romance “História Primeiro Feliz, Depois Dolorosa e Funesta” e o notável livro de ensaios de crítica literária cujo título é “A Luz da Noite”.
Deu-se algumas tintas e papel à Betsy, uma chimpanzé do Jardim Zoológico de Baltimore, com os quais ela criou vários produtos alguns dos quais podem chamar-se pinturas. Ainda que os trabalhos de Betsy não sejam obras-primas, são inegavelmente interessantes e, à sua maneira, apelativos. Foram expostos no Field Museum of Natural History em Chicago algumas peças seleccionadas do trabalho de Betsy.
Como prometido, encontra-se agora disponível a biografia de Kafka da autoria de Citati. O título “Viagem às Profundezas de uma Alma” indicia-nos o tom forte que o autor imprime à sua obra, devendo ser considerada muito mais que uma biografia. É também um ensaio notável, que se lê com voracidade, como de resto quase todas os seus livros.
Perto de dez anos após a sua tradução para português e quase 150 depois de ter sido escrito, Do Belo Musical de Eduard Hanslick ainda não despertou entre nós o interesse que merece. Este pequeno livro de cerca de 100 páginas, muito polémico no seu tempo, continua ainda avançado em relação ao nível de discussão filosófica sobre a arte musical no nosso país.
“Henri Matisse (1869–1954) não estava predestinado para ser pintor, mas sim, como ele próprio dizia “filho de um comerciante de sementes, destinado a prosseguir os negócios do pai””. E na verdade, apesar de ser o mais influente artista fauve, iniciou a sua carreira artística muito tarde, depois de ter terminado o curso de direito.
Este livro apresenta-se como uma obra original, o que só é verdade em relação ao panorama editorial português. Até porque a ideia de Patricia Carrassat e Isabelle Marcadé, ambas diplomadas pela École du Louvre, é bastante simples: escrever um livro que ajude a reconhecer e compreender os movimentos na pintura, do renascimento aos anos 90 do século XX.
Michelangelo Merisi (1571–1610), conhecido como Caravaggio, é um dos pintores mais importantes e geniais da história da pintura. Contudo, demorou três séculos para que isto fosse reconhecido. Caravagio teve uma vida desregrada, algo que de algum modo se reflecte na sua obra. Foi um boémio, um provocador, um renegado, e até mesmo um criminoso, o que em nada contribuiu para o retirar da obscuridade em que se manteve durante séculos.
Este ensaio apresenta aos estudantes de filosofia os problemas teorias e argumentos da estética, o que será feito da seguinte maneira: Em primeiro lugar, procurarei mostrar que a estética é uma disciplina heterogénea, a qual tem sido encarada como teoria do belo, como teoria do gosto e como filosofia da arte.