idealismo
Vulgarmente diz-se que uma pessoa é idealista quando se bate por ideais e orienta as suas acções em função deles. Mas o significado filosófico do termo é substancialmente diferente. Em filosofia chama-se “idealista” a qualquer doutrina que afirme que a natureza última da realidade é mental, opondo-se ao realismo. Isto tanto pode querer dizer que os objectos físicos não existem a não ser como objectos para uma mente, ou que são apenas conteúdos mentais, ou que são algo intrínseca e essencialmente mental. O fundador do idealismo foi o filósofo irlandês George Berkeley para quem só existem dois tipos de coisas: mentes e ideias. Os chamados “objectos físicos” não passam, de acordo com Berkeley, de impressões do sujeito capaz de sentir. Assim, a maçã que temos diante de nós é apenas o conjunto das sensações de cor, sabor, odor, forma, textura, etc., que estão perante a nossa mente quando a percepcionamos. Daí a célebre afirmação de Berkeley de que o seu esse (existência) é percipi (ser percepcionada), o que equivale a dizer que só as sensações são reais. Mas as sensações nada mais são, segundo Berkeley, do que conteúdos mentais ou ideias. Daí o nome “idealismo” e a conclusão de que os objectos não existem fora de alguma mente que os percepcione. O idealismo de Berkeley tem um cariz marcadamente ontológico (ver ontologia), na medida em que defende que toda a realidade é mental. Outra forma de idealismo, de pendor mais epistemológico (ver epistemologia), é o chamado “idealismo transcendental” de Kant. Kant admite a existência de uma realidade independente da mente, mas afirma que dela nada podemos saber. É idealista na medida em que defende que o mundo tal como o conhecemos é o produto das leis que o sujeito impõe aos objectos quando os percepciona. Os objectos da experiência não são, assim, entidades independentes. Essas leis fazem parte do que Kant designa como “estrutura transcendental” do sujeito. Daí o nome por que é conhecido este tipo de idealismo. Há ainda um terceiro tipo de idealismo, o idealismo absoluto, defendido por Fichte (1762–1814), e sobretudo por Hegel. Para Hegel toda a realidade é expressão do Espírito Absoluto, que toma consciência de si exteriorizando-se e manifestando-se nos objectos físicos. Aquilo a que chamamos “realidade exterior” é a expressão concreta de uma entidade espiritual única e universal. (Aires Almeida)