1 de Novembro de 2016   Dicionário Escolar de Filosofia

Dicionário escolar de filosofia

Organização de Aires Almeida

L

lei da natureza

Afirmação geral acerca do modo como a natureza se comporta. Normalmente, as leis da natureza têm a forma de afirmações universais do tipo, “Todo o A é B”, como por exemplo, “Todas as moléculas de água têm a mesma massa”. (Célia Teixeira)

Leibniz, Gottfried Wilhelm (1646-1716)

Filósofo racionalista alemão. Leibniz nasceu em Leipzig e morreu em Hanover. Começou a frequentar a universidade aos treze anos, doutorando-se em direito aos vinte anos. Fez importantes contribuições para a filosofia, a lógica, a geologia, a linguística, a historiografia, a matemática, a teologia, a economia, a política, a física, etc. Descobriu o cálculo infinitesimal independentemente de Newton (1642–1727). Fundou a Academia de Berlim.

Leibniz é o autor de um dos três grandes sistemas racionalistas do séc. XVII. Leibniz distingue as verdades da razão, as quais são necessárias, e as verdades de facto, as quais são contingentes (ver analítico/sintético). No domínio das verdades da razão encontram-se as verdades da matemática e da lógica, no domínio das verdades de facto encontram-se as verdades físicas e históricas. Formulou ainda o princípio da não-contradição, segundo o qual é falso tudo aquilo que leva a uma contradição e o princípio da razão suficiente, do qual dependem as verdades de facto, que nos diz que nenhuma proposição pode ser verdadeira sem que haja uma razão suficiente para que seja assim e não de outra forma. Defendeu a existência de ideias inatas. Em metafísica, defendeu a existência de mónadas, entidades espirituais individuais (os existentes actuais) e entidades ideais. Em teologia é autor de uma teodiceia, isto é, de uma solução para o problema do mal, segundo a qual este é o melhor dos mundos possíveis. Formulou o famoso princípio de identidade, conhecido como lei de Leibniz: se dois objectos são idênticos, então partilham exactamente as mesmas propriedades; e o “princípio da identidade dos indiscerníveis”: se dois objectos têm exactamente as mesmas propriedades, então são idênticos. (Célia Teixeira)

Leibniz, G. W., Discurso de Metafísica (Lisboa: Colibri, 1995).
Leibniz, G. W., Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano (Lisboa: Colibri, 1993).
Leibniz, G. W., Princípios de Filosofia ou Monadologia (Lisboa: INCM, 1987).
Kenny, Anthony, História Concisa da Filosofia Ocidental, cap. 13 (Lisboa: Temas e Debates, 1999).

liberalismo

Uma das filosofias políticas mais influentes e, após a queda dos regimes da Europa de Leste que se inspiravam nas ideias de Marx, a filosofia política dominante no mundo ocidental. O liberalismo surgiu no séc. XVI como resposta ao aparecimento dos estados-nação modernos e caracteriza-se pela importância que atribui aos direitos, às liberdades (de pensamento, de expressão, de associação, de escolha, de religião e, mais recentemente, de preferência sexual) e à autonomia do indivíduo. Por este motivo, muitos liberais pensam que o papel do estado é em larga medida o de assegurar e proteger estes direitos e liberdades. No entanto, nos Estados Unidos, em reacção a posições extremas como, por exemplo, o libertarianismo de Robert Nozik (1938-2002), o liberalismo tem-se recentemente identificado com a defesa de um Estado-providência que actue em áreas como a educação, a saúde e a segurança social. Em Portugal, o liberalismo filosófico é frequentemente identificado com o “liberalismo económico” ou “neo-liberalismo” que, ao contrário daquele, é uma doutrina que dá grande importância ao mercado e a uma economia de laissez-faire. Contudo, esta identificação é fruto de uma confusão e é até frequente, como no caso de John Stuart Mill ou de Bertrand Russell, a existência de liberais que são também socialistas. O liberalismo tem sido ultimamente contestado por pensadores como o americano Michael Walzer (n. 1935), o canadiano Charles Taylor (n. 1931) e o escocês Alasdair MacIntyre (n. 1929), normalmente apelidados de “comunitarianos”, e que criticam o alegado facto de o liberalismo se apoiar numa concepção inadequada de pessoa e de negligenciar ou mesmo minar o papel da família, das tradições e da comunidade. Alguns dos principais filósofos liberais, além dos já referidos, são John Locke, Adam Smith (1723–1790), Immanuel Kant e, mais recentemente, Isaiah Berlin (1909-1997), John Rawls e Ronald Dworkin (n. 1931). (Álvaro Nunes)

Rawls, John, O Liberalismo Político (Lisboa: Presença, 1997).

liberdade

Noção central na filosofia política, que pode ser entendida em dois sentidos. A liberdade negativa consiste na ausência de coerção. Neste sentido, um indivíduo é livre desde que ninguém o force a agir ou o proíba de agir de certa maneira. A liberdade positiva consiste num controlo efectivo da própria vida. Um alcoólico, por exemplo, tem liberdade negativa caso ninguém o obrigue a beber, mas ainda assim não tem liberdade positiva. Isaiah Berlin (1909-1997), que introduziu esta distinção no artigo “Dois Conceitos de Liberdade”, defendeu que o conceito positivo de liberdade é politicamente perigoso, pois autoriza interferências indevidas do estado na vida dos indivíduos. Um problema fundamental da filosofia política, aliás, é determinar em que medida é aceitável o estado limitar a liberdade (negativa) dos cidadãos. E um dos aspectos importantes deste problema é o da justificação do castigo: por que pode o estado castigar os cidadãos privando-os da sua liberdade? Não se deve confundir estas questões políticas com o problema metafísico do livre-arbítrio. (Pedro Galvão)

libertismo

Teoria que defende uma concepção da acção incompatível quer com o determinismo, quer com o indeterminismo. Os libertistas defendem que o ser humano é um ser essencialmente livre, considerando o dilema de Hume um falso dilema. A responsabilidade do agente decorre do facto de as suas acções nem serem determinadas por causas remotas e incontroláveis (como defendem os deterministas), nem serem aleatórias (como defendem os indeterministas). O libertismo, por vezes chamado “libertarianismo”, é uma teoria metafísica que não deve ser confundida com o liberalismo económico e político, nem com o libertinismo moral. Ver causa/efeito, relação causal e compatibilismo. (António Paulo Costa)

livre-arbítrio

A capacidade para fazer escolhas. Por exemplo, eu posso aparentemente escolher ficar em casa ou ir ao café; mas não posso escolher ter ou não uma dor de cabeça. O problema filosófico do livre-arbítrio consiste em saber se as escolhas aparentes são compatíveis com o determinismo. O determinismo radical, o determinismo moderado, o indeterminismo e o libertismo constituem as respostas clássicas a este problema, sendo classificadas ora como teorias compatibilistas, ora como teorias incompatibilistas. Ver acção, compatibilismo/incompatibilismo, dilema de Hume, responsabilidade e vontade. (António Paulo Costa)

Locke, John (1632–1704)

Filósofo empirista inglês. Defendeu, contra Descartes, a inexistência de ideias inatas. Segundo Locke, a mente é como uma tábua rasa, possuindo poderes de raciocínio, mas não quaisquer conteúdos inatos. Contudo, é defensável que Locke não era realmente empirista, pois admite a existência de dois tipos de experiência (a externa e a interna), e igualmente de três tipos de conhecimento: intuitivo, que é directo e com o grau máximo de certeza; demonstrativo, que é indirecto e dá origem ao conhecimento lógico e matemático; e sensível, que diz respeito ao conhecimento da existência de objectos exteriores. Baseando-se na diferença entre qualidades primárias e secundárias das coisas, distinguiu o mundo tal como é em si do mundo tal como é para nós. Para Locke, a abstracção era uma componente central do conhecimento, que permitia a formação de ideias abstractas a partir de impressões sensíveis concretas. A distinção entre essência nominal e real é também central na sua teoria do conhecimento: assim, a essência real da água, por exemplo, é a sua constituição intrínseca, ao passo que a sua essência nominal são apenas as qualidades que atribuímos à água, mas que não correspondem à sua natureza intrínseca. É no Ensaio sobre o Entendimento Humano (1690) que Locke expõe estas ideias, entre outras.

Em ética, Locke defendeu uma versão da teoria dos mandamentos divinos; em filosofia política, defendeu o valor da tolerância política e religiosa, e a separação da igreja e do estado. As suas doutrinas da legitimação da propriedade privada, da justificação da autoridade do estado e da legitimidade da revolta contra o estado injusto são ainda hoje muitíssimo discutidas, e são apresentadas no Segundo Tratado sobre o Governo (1689). As suas ideias sobre a tolerância são apresentadas em Carta sobre a Tolerância (1689). (Desidério Murcho)

Kenny, Anthony, História Concisa da Filosofia Ocidental, cap. 12 (Lisboa: Temas e Debates, 1999).
Locke, John, Ensaio sobre o Entendimento Humano, 2 vols. (Lisboa: Gulbenkian, 1999).
Locke, John, Carta sobre a Tolerância (Lisboa: Edições 70, 1997).
Locke, John, Ensaio sobre a Verdadeira Origem, Extensão e Fim do Governo Civil (Lisboa: Edições 70, 1999).
Magee, Bryan, Os Grandes Filósofos, cap. 6 (Lisboa, Presença, 1989).

lógica

O estudo da argumentação válida (ver validade/invalidade). A lógica formal estuda a argumentação cuja validade depende exclusivamente da forma lógica. A lógica informal estuda a argumentação cuja validade não depende unicamente da forma lógica. A lógica foi fundada por Aristóteles, que pela primeira vez usou a noção de forma lógica para distinguir os argumentos válidos dos inválidos (ver lógica aristotélica). A lógica conheceu relativamente poucos desenvolvimentos até Gottlob Frege e Bertrand Russell terem revolucionado a disciplina. Hoje em dia há muitos sistemas diferentes de lógica, que procuram resolver os problemas em aberto na disciplina. A chamada “lógica clássica”, de Frege e Russell, é encarada como a “lógica canónica”, e é essa que geralmente se começa por estudar.

Repare-se no seguinte argumento: 1) “Platão e Aristóteles eram filósofos; logo, Platão era um filósofo”. A lógica clássica (mas não a aristotélica) permite explicar por que razão este argumento é válido. Dado que a validade deste argumento depende inteiramente da sua forma lógica, qualquer argumento que tenha a mesma forma lógica será igualmente válido. Podemos ilustrar a forma lógica do argumento assim: “P e Q; logo, P" — sendo “P” e “Q” símbolos que representam proposições. Assim, se “P” for a proposição expressa pela frase “O aborto é um mal” e “Q” a proposição expressa pela frase “Os animais têm direitos”, obtemos o seguinte argumento válido: 2) “O aborto é um mal e os animais têm direitos; logo, o aborto é um mal”. A lógica permite também compreender por que razão são inválidos os argumentos inválidos; e permite compreender que alguns argumentos que parecem válidos são de facto inválidos (as falácias). Repare-se no seguinte argumento: 3) “Tem de haver uma só causa para todas as coisas porque todas as coisas têm uma causa”. Este argumento parece válido, mas é inválido. A lógica explica por que razão o argumento é inválido. Repare-se que o argumento seguinte é obviamente inválido: 4) “Tem de haver uma mãe para todas as pessoas porque todas as pessoas têm uma mãe”. O argumento 4 tem a mesma forma lógica do argumento 3. Mas porque o argumento 3 é mais abstracto, parece válido, apesar de o não ser. Dado que os argumentos filosóficos são geralmente muito abstractos, a lógica tem um papel crucial na filosofia: ajuda-nos a evitar erros no pensamento filosófico.

A lógica clássica tem duas partes distintas: a lógica proposicional e a lógica de predicados (também chamada “lógica quantificada”). Na lógica proposicional (ver cálculo proposicional) estudam-se argumentos cuja validade depende exclusivamente de certos aspectos da forma lógica proposicional (argumentos como 1 e 2). Os aspectos da forma lógica proposicional que contam na lógica proposicional clássica decorrem inteiramente do uso de cinco tipos de operadores: a negação, a conjunção, a disjunção, a condicional e a bicondicional (ver operador verofuncional). Assim, os argumentos 1 e 2 são válidos porque ambos dependem exclusivamente do operador de conjunção (“e”).

Na lógica quantificada ou de predicados (ver cálculo de predicados) estudam-se os argumentos que dependem exclusivamente da quantificação (ver quantificador), como é o caso dos argumentos 3 e 4. A quantificação ocorre quando se afirma ou nega que uma certa propriedade ou relação é exemplificada um certo número de vezes. Por exemplo, afirmar que há filósofos é dizer que a propriedade de ser filósofo é exemplificada por algumas coisas (nomeadamente, pessoas); afirmar que não há lobisomens é dizer que a propriedade de ser um lobisomem não é exemplificada por coisa alguma. Há muitos tipos de quantificação, mas na lógica clássica estuda-se apenas dois desses tipos: a universal e a existencial (ver quantificador universal e quantificador existencial).

Há dois aspectos fundamentais em qualquer lógica: a sua linguagem e a lógica propriamente dita. A linguagem lógica é uma forma de traduzir certos aspectos relevantes da linguagem de todos os dias numa linguagem mais transparente. O objectivo é destacar e explicitar com rigor os aspectos que se quer estudar por serem relevantes para o tipo de argumento que se tem em vista. Assim, um argumento como “Se a vida não faz sentido, Deus não existe; dado que a vida não faz mesmo sentido, Deus não existe” pode ser formalizado do seguinte modo: ¬P → ¬Q, ¬P ⊨ Q. A formalização, com os seus símbolos estranhos (ver Apêndice: Símbolos lógicos), é um instrumento crucial para se compreender com rigor a estrutura lógica do pensamento, o que por sua vez é crucial para determinar a sua validade, o que por sua vez é crucial para determinar a verdade das nossas conclusões.

Na lógica propriamente dita desenvolvem-se métodos para testar a validade das formas lógicas que se exprimem por meio da linguagem lógica (que por sua vez traduz a linguagem quotidiana). Entre esses métodos contam-se os inspectores de circunstâncias e as derivações (ver derivação). (Desidério Murcho)

Murcho, Desidério, O Lugar da Lógica na Filosofia, Capítulos 4 e 5 (Lisboa: Plátano, 2003).
Newton-Smith, W. H., Lógica: Um curso introdutório, Capítulos 1, 2, 3 e 5 (Lisboa: Gradiva, 1998).
Priest, Graham, Lógica (Lisboa: Temas e Debates, 2002).

lógica aristotélica

A lógica introduzida por Aristóteles (384-322 a.C.), e que foi posteriormente sistematizada, na idade média. Foi a única lógica conhecida no ocidente até ao advento da lógica clássica, já no séc. XIX. Trata-se de uma lógica que trabalha unicamente com quatro formas lógicas: 1) universais afirmativas (“Todo o A é B”; exemplo: “Todo o homem é mortal”); 2) universais negativas (“Nenhum A é B”; exemplo: “Nenhum deus é mortal”); 3) particulares afirmativas (“Alguns A são B”; exemplo: Alguns homens são baixos”); e 4) particulares negativas (“Alguns A não são B”; exemplo: “Alguns homens não são baixos”). A lógica aristotélica compreende duas partes: a teoria da conversão, que estuda argumentos com uma única premissa (como “Alguns homens são franceses; logo, alguns franceses são homens”), e a teoria do silogismo, que estuda argumentos com duas premissas (como “Todas as aves têm penas; todos os pardais são aves; logo, todos os pardais têm penas”). Aristóteles explicitou as relações lógicas entre as quatro formas lógicas do seu sistema, distinguindo a relação de consequência lógica (subalternidade ou implicação), a relação de contradição e a de contraditoriedade (ver quadrado de oposição). Apesar de constituir um genial monumento intelectual, a lógica aristotélica é muito restrita, carece de um fragmento proposicional (ver cálculo proposicional), aplica-se unicamente a classes que não sejam vazias, a sua aplicação à linguagem e pensamento correntes é limitadíssima e não estabelece regras de inferência válida (as chamadas “regras do silogismo” não são realmente regras de inferência, mas proibições ad hoc.). O seu interesse é hoje em dia meramente histórico. (Desidério Murcho)

Murcho, Desidério, O Lugar da Lógica na Filosofia, cap. 6 (Lisboa: Plátano, 2003).

lógica clássica

A lógica fundada por Gottlob Frege, e também por Bertrand Russell e Alfred North Whitehead (1861–1947), que abrange a lógica proposicional e de predicados. Caracteriza-se por aceitar o princípio do terceiro excluído, o princípio da não-contradição e a bivalência, operadores verofuncionais de formação de frases e a exclusão de nomes sem denotação. Foi o primeiro desenvolvimento revolucionário da lógica depois de 2400 anos de quase estagnação. Ver operador verofuncional, lógica, lógica formal. (Desidério Murcho)

lógica formal

O estudo da argumentação válida que depende exclusivamente da forma lógica. Por exemplo, a validade do seguinte argumento depende inteiramente da sua forma lógica: “Alguns homens são mortais; logo, alguns mortais são homens”. A forma lógica deste argumento é a seguinte: Alguns A são B; logo, alguns B são A. Não é difícil ver que qualquer argumento que tenha esta forma lógica é válido. Não se deve pensar que só a lógica clássica é formal; a lógica aristotélica é igualmente formal, apesar de em geral se usar menos símbolos. Os argumentos cuja validade não depende inteiramente da sua forma lógica são o objecto de estudo da lógica informal. Ver lógica. (Desidério Murcho)

lógica informal

O estudo da argumentação válida que não depende exclusivamente da forma lógica. Por exemplo, os seguintes argumentos são válidos mas não dependem exclusivamente da sua forma lógica: “Sócrates era casado; logo, não era solteiro”; “Todos os corvos observados até hoje são pretos; a cor dos corvos está geneticamente determinada; só poderia alterar-se em condições ambientais diferentes das geralmente escolhidas pelos corvos para viver; logo, todos os corvos são negros”. Os tipos mais estudados de argumentos informais são as induções (generalizações e previsões), argumentos de autoridade, argumentos por analogia e argumentos causais. Os estóicos introduziram o estudo dos aspectos pragmáticos da argumentação, anteriormente estudados na retórica, e que visam tornar os argumentos sólidos racionalmente persuasivos. Ver lógica, argumento de autoridade, indução. (Desidério Murcho)

logicismo

Projecto iniciado por Russell e Frege, que procurava mostrar que as verdades da matemática não eram senão verdades lógicas disfarçadas. Tratava-se, pois, de reduzir a matemática à lógica, no mesmo sentido em que é possível reduzir a química à física. Frege e Russell mostraram cabalmente que é possível usar a lógica de predicados para exprimir verdades simples da aritmética. Contudo, este trabalho enfrentou duas dificuldades. Em primeiro lugar, foi necessário usar a teoria de conjuntos, que não é estritamente falando uma teoria lógica; mais tarde, em segundo lugar, Gödel demonstrou em 1931 que em certos sistemas de lógica suficientemente poderosos para exprimir a aritmética nunca se poderia exprimir todas as verdades aritméticas. (Desidério Murcho)

logos

Termo grego que significa, entre outras coisas, “razão”, “argumento”, “discurso”. O termo foi introduzido na filosofia por Heraclito (cerca de 535-475 a. C.), para referir a ordem racional subjacente a toda a mudança. Opõe-se muitas vezes o logos, o pensamento racional, ao mythos, o discurso dos mitos tradicionais. Os filósofos gregos distinguiram-se por terem introduzido a ideia de que tudo é susceptível de discussão racional, incluindo as tradições religiosas e os mitos tradicionais a elas associados. (Desidério Murcho)

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