Filósofo grego que, juntamente com Sócrates, seu mestre, e Aristóteles, seu discípulo, é uma das figuras mais importantes da filosofia ocidental. Nasceu em Atenas, numa família aristocrática, e, como era comum na época e nos jovens da sua classe, ter-se-ia dedicado à política activa não o tivesse dela afastado, primeiro, o governo dos Trinta Tiranos e, depois, a execução de Sócrates, em 399. Apesar disso, fez várias viagens à Sicília com o objectivo de influenciar Dionísio II, tirano de Siracusa, e a sua filosofia está profundamente marcada por preocupações de carácter ético (ver ética) e político (ver filosofia política). Fundou em Atenas, em 387, uma escola dedicada ao ensino e à investigação, chamada Academia, onde ensinou até ao final da sua vida. Com excepção da Apologia de Sócrates (trad. 1993, INCM), todas as outras obras que escreveu são diálogos, que é comum distribuir por três períodos: juventude, maturidade e velhice. As obras do primeiro período tratam de conceitos morais específicos, como a piedade (Êutifron) ou a coragem (Laques) e nelas Sócrates é a figura central; as obras de maturidade expõem as suas principais teorias (teoria das ideias, da imortalidade e transmigração das almas); e nas obras de velhice, critica e revê algumas das teorias dos diálogos de maturidade. Defendeu que aquilo que várias acções justas têm em comum é o facto de participarem da ideia ou Forma de justiça. As Ideias são eternas e imutáveis, ao passo que as coisas sensíveis, que delas participam, são perecíveis e mutáveis. Existe uma hierarquia do ser, desde as imagens, artefactos (ver artefacto) e seres vivos, que constituem o mundo sensível e que são objecto de opinião, até às entidades matemáticas e às Ideias (de que a suprema é a Ideia incondicionada de Bem), que constituem o mundo inteligível e cujo conhecimento consiste na recordação (ver reminiscência) daquilo que a alma imortal contemplou aquando da sua existência separada do corpo. A justiça consiste em cada um desempenhar na cidade a função para a qual a sua natureza é mais adequada e a sociedade justa é aquela em que os cidadãos estão distribuídos por três classes, de acordo com a sua natureza: guardiões, que têm a seu cargo o governo; guerreiros, que protegem a cidade dos inimigos; e artesãos, a que pertencem a generalidade dos habitantes. As contribuições de Platão para vários domínios da filosofia são tão importantes que houve quem afirmasse que toda a filosofia posterior é apenas uma nota de rodapé à sua obra. Ver alegoria da caverna, dialéctica, inteligível, universais. (Álvaro Nunes)
Hare, R. M., O Pensamento de Platão, (Lisboa: Presença, 1998).
Kenny, Anthony, História Concisa da Filosofia Ocidental, cap. 3 (Lisboa: Temas e Debates, 1999).
Koyré, Alexandre, Introdução à Leitura de Platão, (Lisboa: Presença, 18987).
Koyré, Alexandre, Galileu e Platão (Lisboa: Gradiva, 1986).
Magee, Brian, Os Grandes Filósofos, cap. 1 (Lisboa: Presença, 1989).
Platão, Êutifron, Apologia de Sócrates, Críton (Lisboa: INCM, 1993).
Platão, Laques, (Lisboa: Edições 70, 1989).
Platão, Hípias Maior (Lisboa: Ed. 70, 2000).
Platão, Hípias Menor (Coimbra: INIC, 1990).
Platão, Cármides (Coimbra: INIC, 1988).
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Platão, Íon (Lisboa: Editorial Inquérito, 1988).
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Platão, Górgias (Lisboa: Edições 70, 1997).
Platão, Ménon, (Lisboa: Colibri, 1992).
Platão, Fédon (Coimbra: Minerva, 1998).
Platão, Crátilo, (Lisboa: Sá da Costa Ed., 1994).
Platão, Fedro, (Lisboa: Edições 70, 1997).
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Platão, A República (Lisboa: Gulbenkian, 2001).
Platão, Parménides, (Lisboa: Instituto Piaget, 2001).